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Sábado, 17 de Fevereiro de 2007

Perguntas e Respostas da Entrevista a Eça de Queirós

1- Alguma das muitas viagens que realizou contribuiu para o seu desenvolvimento como escritor?

Por finais de 1869 permaneci cerca de dois meses no oriente. Alexandria, Cairo, Port-Said, Palestina, foram alguns dos países que visitei, na companhia de meu amigo Resende, que me pediu que o acompanhasse para a inauguração do canal do Suez. Todo esse tempo que permaneci no oriente fez-me adquirir um gosto enorme pelas viagens e uma enorme oportunidade de exercitar a escrita. Também contribuiu fortemente para a minha formação cultural e para a escolha da minha futura carreira (na altura) como diplomata.

2- E essas viagens contribuíram ou influenciaram a descrição de alguns espaços nas obras que escreveu?

Sim sim. Imenso. À medida que as viagens iam decorrendo, principalmente pelo oriente eu tomei imensas notas que me vieram a servir para muitas situações em várias obras que escrevi. Por exemplo, nos percursos de Teodorico Raposo em “A Relíquia”, que são semelhantes aos que percorri durante as minhas viagens pelo oriente. Também ficaram reflexos dessas viagens em obras como “Lendas de Santos”, “O Mandarim”, “Os Maias”, e referências ao Egipto existem nas “Cartas de Inglaterra e Crónicas de Londres”. Até o percurso mediterrânico, a caminho de Alexandria, me ofereceu algumas linhas para “O Mistério da Estrada de Sintra” graças à minha passagem pela ilha de Malta.
Os temas das minhas viagens exóticas deram me oportunidade de entre a sátira e a lírica, entre a mordacidade e a veracidade histórica, recriar lugares e momentos que se visitam na China de “O Mandarim” ou na idade média de “A Ilustre Casa de Ramires”. Ai! Esse percurso oriental que nunca esquecerei!!!

3- Quais os escritores que o influenciaram mais?

Tive, no início, influência de escritores românticos, como de Flaubert, Beaudelaire e Victor Hugo, Charles Dickens, Dostoievsky, Michelet e Melville. E após me ter ligado mais ao mundo da política, depois de algumas das minhas viagens (principalmente da minha viagem pelo Oriente), comecei a interessar-me por Zola, Tolstoi (entre outros), que são, como é óbvio, escritores realistas.

4- O que é que o levou a ser tão crítico?

Penso que desde novo tenho um aguçado espírito crítico e desejo de mudança. Por isso me formei em Direito, na Universidade de Coimbra, pensei poder mudar a vida de algumas pessoas, mas quando comecei a exercer, perdi algum interesse.
Foi com a minha passagem por Leiria, a cidade onde vive (para a repórter), que me inspirei para o meu primeiro livro realista, O Crime do Padre Amaro. Nele, denuncio a hipocrisia social e a devassidão do clero. Não invento acerca destes assuntos. A nossa sociedade está desde há muito corrompida e desgraçada, por isso, muito poucos são os que podem escapar a um julgamento irónico e sarcástico. Até mesmo eu posso, e, talvez até mereça ser objecto de crítica.
É óbvio que os livros que escrevi não foram escritos apenas com o intuito de criticar, mas parece que ainda se vendem por aí, portanto, para quê parar?

5- Refere O Crime do Padre Amaro como a sua primeira obra realista. Onde o clero e a sua conduta são muito criticados. N' Os Maias, parece acontecer o mesmo, se bem que de uma maneira mais subtil. Pode-se dizer que o clero da actualidade está constantemente a ser desacreditado, criticado e satirizado por si. No entanto, nunca se declarou ateu nem adoptou nenhuma outra religião que não a cristã. Será que pode esclarecer o porquê?

Acredito nas ideologias base do cristianismo e não nesta igreja rude e retrógada, devassa e corrupta.

6- Sem ser escrever, o que é que faz no tempo que tem livre?

Gosto de estar com a minha família, com amigos, jogar whist e bilhar, debater política e filosofia, e, é claro, viajar.

7- Em poucas palavras, será que consegue fazer um balanço da sua vida como português e escritor, até ao momento?

A minha ambição seria pintar a sociedade portuguesa tal qual a fez o Constitucionalismo desde 1830 e mostrar-lhe, como num espelho que triste país eles formam - eles e elas. É o meu fim nas “Cenas da Vida Portuguesa”. É necessário acutilar o mundo oficial, o mundo sentimental, o mundo literário, o mundo agrícola, o mundo supersticioso - e, com todo respeito pelas instituições de origem eterna, destruir as falsas interpretações e falsas realizações que lhe dá uma sociedade podre. Não lhe parece você  que um tal trabalho é justo?

(em poucos dias estará também acessível a entrevista gravada em vídeo)

 


publicado por f4elevadom às 00:35

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De Andreia a 19 de Maio de 2009 às 20:42
Eça de Queiroz é um dos maiores escritores!


De eu a 8 de Março de 2016 às 19:28
td cega


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